Sorrisos perfeitos, cabelos ao vento, corpos fitness e uma vida invejável… A um primeiro olhar é isso que vem a mente de quem observa de fora o perfil das garotas com muitos seguidores nas redes sociais.
Mas será que tudo é o que parece? Em tempos de likes e follows, fica difícil distinguir a realidade da ficção, saber diferenciar o que faz parte realmente da pessoa e como a vida dela é de verdade. Afinal é muito fácil parecer perfeito através de filtros e tantas tecnologias que mascaram a realidade do cotidiano.
Recentemente a modelo e celebridade de instagram Essena O’Neill vem causando impacto com seu desabafo e “abandono” às redes sociais. A australiana de 18 anos, conta com quase 750.000 seguidores no instagram e recebia em torno de R$ 5 mil para postar uma foto com um biquíni de uma marca por exemplo.
A modelo conta que cansou de levar uma vida vazia baseada na busca de números, curtidas e seguidores sem fim. Todos os dias de sua vida, desde os 12 anos, (época em que começou a buscar uma identidade através das redes sociais) eram baseados em postar coisas que refletissem um vida perfeita, porém que não eram nada reais.
Essena, deletou cerca de duas mil fotos do seu instagram e reeditou as legendas de várias publicações explicando o real sentimento do momento!
Nesta legenda, por exemplo, Essena diz: “Isso é o que eu chamo de uma foto naturalmente artificial. Não há nada de natural sobre ela. Uma corrida matinal e um mergulho no mar antes da escola foi sim algo divertido, porém eu senti um desejo profundo de posar com as minhas “coisas de fora”, seios empinados e sem mostrar o rosto porque obviamente meu corpo gera mais curtidas. Curta esta foto pelos meus esforços em convencê-lo de que o meu corpo é realmente atraente”.
Nesta outra, a modelo ironiza sobre como sua pele estava com espinhas por trás de toda a maquiagem e como o sorriso faria com que ela parecesse bem.
O movimento que Essena O’Neill vem criando não se limita ao instagram. Ela ainda criou um site o letsbegamechangers.com no qual vem postando vídeos sobre esta sua nova fase e incentivando as pessoas a serem reais e fazerem coisas reais, não somente em troca de curtidas e aceitação através das redes sociais, porque segundo ela, isso não a trouxe em nenhum momento mais felicidade.
Mas então: O que pensar sobre isso?
Bem, agora vou falar o meu ponto de vista sobre toda esta questão, redes sociais, vida de blogueira, entre outras situações…
Penso ser esta uma questão complexa, mas será que o significado de realidade não é algo relativo? Afinal tirar uma foto posada ou mesmo registrar aquela comida ou um momento incrível para compartilhar nas redes sociais pode ser algo prazeroso. Tudo depende do objetivo e do sentido que isso faz para a pessoa.
Para Essena, isso era algo que fazia em troca de aceitação, talvez uma busca interior que deveria ter sido “tratada” outra forma. É igual um relacionamento: Se você não está bem consigo mesmo acabará afetando a sua relação… Pois a carência e a solidão não se resolvem através de outros, mas sim, e somente através de você! Como já diz o ditado “você nunca estará sozinho se estiver consigo mesmo”.
E a internet é realmente complicada para quem sofre com isso. Acredito que quase todas as pessoas em maior ou menor grau se deixam levar pela perfeição que parece a vida alheia nas redes sociais. Afinal, ninguém gosta de postar um foto com cara de doente, sofrendo ou fazendo algo “chato”. É natural do ser humano querer se exibir e compartilhar seus momentos bons. Acho interessante até o ponto em que isso não se torne uma obsessão, mas sim no sentido de troca e apreciação, acaba que criando laços afinal. Pensando no lado bom, você pode conhecer muitas pessoas bacanas através das redes e tudo isso de uma forma muito prática. Não tem como regredir, cabe a cada um saber usar para o lado positivo ou negativo.
Isolar-se do mundo e somente se importar com likes e status ao invés de curtir um momento “real” com certeza não será algo saudável. É fácil perceber como a maioria das pessoas não larga o celular durante um almoço ou mesmo numa roda de amigos. Tudo que é exagero leva a uma consequência ruim.
Sobre a “vida de blogueira”
Gente, acho muito bacana a atitude da Essena O’Neill em expor os seus reais sentimentos mas penso que suas convicções não devem ser generalizadas! “Ah é tudo uma farsa esse negócio de blog”…
Ser blogueira hoje é algo sério se tratado como tal e como qualquer trabalho não tem nada de fútil. Tudo depende do ponto de vista que é observado e da forma que o trabalho é exposto.
Eu por exemplo, estudei muito antes de criar a blog e este era um sonho meu! É através dele que dou vazão as minhas habilidades artísticas além de poder compartilhar o meu conhecimento sobre moda com vocês.
Pensei muito e penso sempre na relevância do que estarei compartilhando e postando, tento seguir um rumo, algo que faça sentido para quem acompanha e para mim. Quanto aos looks, sim é uma exposição do meu corpo e da minha imagem, mas esta é outra forma de arte no meu modo de ver. Amo fotografar e ser fotografada, interpretar um estilo de acordo com o look e realizar todo um contexto de moda para que vocês se inspirem e possam ter novas ideias sobre como se vestir com originalidade!
Sim, é trabalhoso, são muitos cliques até que saia a foto “perfeita” (entenda perfeição como a ideia do que eu desejo passar) algumas horas de edição, escolha e imagens dispostas ao longo do texto a fim de se contar uma “história”, a fim de que as minhas produções não sejam somente uma vitrine, mas que realmente façam um sentido!
Nada é vazio e tudo o que posto aqui tem um propósito!!
Agora entra outro fato polêmico: Porque a monetização de um blog é tão julgada? Todos vivemos num sistema capitalista e a não ser que você se isole numa tribo alternativa ou algo do gênero você precisará de dinheiro para sobreviver e pagar suas contas.
O trabalho desenvolvido por blogueiras impulsiona o comércio e gera mais emprego, além de tornar as informações de moda acessíveis a diversos públicos. O que cabe é a sinceridade em relação a isso e a fidelidade em relação aos ideais que o blog transmite. Eu nunca postarei aqui um produto ou mesmo usarei uma peça de roupa com o qual não me identifique. Penso que esta é a forma de realidade que eu me enquadro.
Nunca aprendi tanto, estudei e trabalhei como agora! Se dedicando as coisas que você mais gosta tudo flui para que coisas incríveis aconteçam. Ainda não tenho “k” de seguidores, milhões de visualizações entre outras coisas cobiçadas neste meio… Mas posso dizer que nunca me senti tão bem como antes, meu trabalho vem sendo reconhecido e oportunidades fora o blog estão aparecendo. Fico feliz da vida quando encontro alguém na rua que me diz que acompanha o blog, isto é realmente gratificante.
Penso que é isso gente: Devemos nos agarrar naquilo que faz sentido para nós mesmos… Seja escolher postar uma foto ou não!
Obs.: Escrevi pra caramba hoje mas o assunto me instigou! Me digam se gostaram deste tipo de post mais reflexivo que pensarei em mais ideias… 🙂
Beijos,
Diana
Imagens: @essenaoneil , Ela Inspira.
Oi DI!
Pra começar, quero dizer que adorei teu texto e, sim, acho muito interessante você fazer esse tipo de post quando achar necessário. Por ter mais escrita do que ilustração, corre o risco de não ter tantas visualizações, mas, como você mesma disse “devemos nos agarrar naquilo que faz sentido para nós mesmos”. Com certeza, seus seguidores fiéis (que agora podem não ser um número. “k”) sempre estarão interessados em suas opiniões e levantamento de discussões. E isso é uma baita responsabilidade, haja visto que você estará influenciando muitas pessoas….
Eu nem sabia quem era essa moça. Mas achei a atitude dela corajosa. Na realidade, penso que sair das redes sociais foi a cura que ela encontrou para a relação patológica que estava tendo com o mundo virtual.
Estas redes transformaram nossas vidas para sempre. Além de facilitarem a manutenção de contatos ou construção de novos, é o instrumento que muitos usam para mostrar o que há de diferente no mundo e auxilia na quebra de padrões. Hoje, por exemplo, qualquer garota pode tirar uma selfie e sentir-se uma modelo, independente do seu padrão de beleza. Mais sobre isso aqui: http://www.revistacapitolina.com.br/selfies/ . Nesse sentido, a “autoesposição pode ser uma defesa”.
Creio que tudo depende de uma postura crítica diante desse cenário tecnologico que nos é apresentado. Está sendo benéfico? ou está gerando ansiedade e uma busca incansável por aceitação? Quanto tempo produtivo (e produtivo pode ser, inclusive, um momento de lazer) realmente gasto nesses meios de relacionamento? Há momentos que é muito bom estar totalmente desconectado…
Pra encerrar, uma passagem que li em um livro escrito nos início dos anos 1990 por um psiquiatra americano, intitulado Quando Nietzsche Chorou: “A alegria de ser observado era tão arraigada que, […] a verdadeira dor da velhice, do luto, de sobreviver aos amigos estava na ausência de escrutínio: o horror de viver uma vida inobservada”.
Leia o texto original: http://defrentecomoslivros.blogspot.com/2013/04/citacoes-quando-nietzsche-chorou.html#ixzz3qTX5nQqT
Por Clóvis Marcelo.Todos os direitos reservados.
Verdade Julia!
Comentário incrível…
Amei o artigo da Capitolina, falou tudo!!
E além do mais é isso: Em maior ou menor grau todo mundo gosta de ser notado! Faz parte!
Beijos